Diocese do Funchal - Ano Pastoral 2020 / 2021 - "A Eucaristia constrói-nos no caminho da Fé: Cristo Salva-te. Maria pôs-se a caminho ..."

sábado, 8 de dezembro de 2012

O jumento e o boi no presépio


O Papa Bento XVI publicou um livro sobre a Infância de Jesus. Imediatamente surgiram comentários e de toda a obra afirmaram que o Papa tinha negado a existência de animais na manjedoura onde Jesus nasceu. Outros já diziam que o Papa tinha expulsado o boi e o jumento do presépio. Alguns comerciantes revoltaram-se porque iam deixar de vender aquelas imagens. Chegaram críticas de tantos fiéis a criticar o Papa e que de forma alguma iriam tirar as imagens dos animais do seu presépio. Certamente seria um bom estudo de comunicação perceber como é que uma afirmação do Papa, mal interpretada, ganha estas proporções.
O melhor será mesmo comprar o livro e lê-lo e assim preparar o Natal que se aproxima. Escreve o Papa: "...no Evangelho, não se fala de animais" (pág.61). O Papa não disse que na gruta onde Jesus nasceu não havia animais, simplesmente leu os dois Evangelhos que falam do nascimento de Jesus e percebeu que no texto bíblico não se mencionam animais, nem o boi nem o jumento.
Mas o Papa continua e não fica por aí. Afirma que, ainda que os Evangelhos de Mateus e Lucas, não mencionem qualquer tipo de animal na gruta, a verdade é que a fé, desde cedo, completou o contexto da narração evangélica, recorrendo, sempre no campo bíblico, a um versículo do profeta Isaías que afirma: «O boi conhece o seu dono, e o jumento o estábulo do seu senhor; mas tu Israel, meu povo, nada entendes» (Is 1, 3). Assim, foram colocadas as imagens do boi e do jumento nos nossos presépios. Não são figurinhas para decorar o espaço nem mesmo para o aquecer. Trata-se de uma verdadeira provocação a presença destes animais. Eles conhecem o seu dono, eles adoram o Menino-Deus que nasceu e nós tantas vezes não acreditamos, não amamos, não adoramos. Que grande lição são estes animais irracionais para os racionais!
O Papa vai ainda citar outros textos bíblicos que vão dar significado ao boi e ao jumento. É de referir que já Orígenes, no ano 254, relaciona o profeta Isaías com a manjedoura onde Jesus nasceu, e São Gregório de Nisa, em 394, interpreta o boi e o jumento como símbolo de representação dos judeus e dos pagãos. Estava assim reunida toda a humanidade e todos os povos ao pé de Jesus. A manjedoura, a gruta, o lugar dos animais onde Jesus nasceu representa a vida do homem sem Deus, um mundo de pura animalidade. Este nosso mundo seria pouco humano, se nele não tivesse nascido Jesus.
Por fim, tenha-se presente que o Papa encerra a questão afirmando que «nenhuma representação do presépio prescindirá do boi e do jumento» (pág.62).
Ainda bem que se levantou o clamor, para assim se ler o recente livro de Bento XVI, “A Infância de Jesus”! Que rica prenda de Natal para nós e para dar aos amigos!
Padre Marcos Gonçalves

Rezar cantando

Alguma música

O tempo em Santana