Cidade do Vaticano, 17 out 2011 (Ecclesia) – Bento XVI quer que os católicos de todo o mundo assumam “a sua adesão ao Evangelho”, anunciando publicamente a fé num momento de “profunda mudança” para a humanidade.

Após ter anunciado este domingo a convocação de um «ano da fé» entre outubro de 2012 e novembro de 2013, para assinalar os 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II (1962-1965), o Papa explica no seu novo documento os objetivos da iniciativa.
“Pareceu-me que fazer coincidir o início do ano da fé com o cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II poderia ser uma ocasião propícia para compreender que os textos deixados em herança pelos padres conciliares”, justifica Bento XVI.
Na carta apostólica destaca-se que a ação da Igreja deve ter em conta as “muitas pessoas que, embora não reconhecendo em si mesmas o dom da fé, vivem todavia uma busca sincera do sentido último e da verdade definitiva acerca da sua existência e do mundo”.
“Nos nossos dias mais do que no passado, a fé vê-se sujeita a uma série de interrogações, que provêm de uma diversa mentalidade que, particularmente hoje, reduz o âmbito das certezas racionais ao das conquistas científicas e tecnológicas”, aponta ainda.
O Papa apela ao reforço da “caridade” e recorda, nesse sentido, os cristãos que “dedicam amorosamente a sua vida a quem vive sozinho, marginalizado ou excluído, considerando-o como o primeiro a quem atender e o mais importante a socorrer, porque é precisamente nele que se espelha o próprio rosto de Cristo”.
“A fé, precisamente porque é um ato da liberdade, exige também o assumir da responsabilidade social daquilo que se acredita”, precisa.
O «ano da fé» tem início marcado para 11 de outubro de 2012, no cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II e vinte anos após a publicação do Catecismo da Igreja Católica, coincidindo com a próxima assembleia do Sínodo dos Bispos, que tem como tema «A nova evangelização para a transmissão da fé cristã».
“Também hoje é necessário um empenho eclesial mais convicto a favor duma nova evangelização, para descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé”, escreve Bento XVI.
O Papa sublinha a importância da pertença à Igreja, observando que “o conhecimento dos conteúdos de fé é essencial para se dar o próprio assentimento, isto é, para aderir plenamente com a inteligência e a vontade a quanto é proposto pela Igreja”.
A iniciativa de Bento XVI quer promover um “esforço generalizado em prol da redescoberta e do estudo dos conteúdos fundamentais da fé, que têm no Catecismo da Igreja Católica a sua síntese sistemática e orgânica”.
“Com tal finalidade, convidei a Congregação para a Doutrina da Fé a redigir, de comum acordo com os competentes organismos da Santa Sé, uma Nota, através da qual se ofereçam à Igreja e aos crentes algumas indicações para viver, nos moldes mais eficazes e apropriados, este ano da fé ao serviço do crer e do evangelizar”, revela.