Diocese do Funchal - Ano Pastoral 2020 / 2021 - "A Eucaristia constrói-nos no caminho da Fé: Cristo Salva-te. Maria pôs-se a caminho ..."

domingo, 12 de junho de 2011

Palavras de D. António Carrilho, Bispo do Funchal, no início da Eucaristia Solene de abertura das celebrações Jubilares dos 500 anos da criação da Diocese do Funchal

Sé do Funchal, 12 de Junho de 2011
Excelência Reverendíssima, Senhor Núncio Apostólico: é com imensa alegria que, em meu nome e de todo o Povo cristão da Madeira, vos saúdo e dou as boas vindas. Sentimo-nos honrados com o privilégio desta vossa visita e auguramos as maiores Bênçãos para o vosso ministério, como Representante do Papa Bento XVI, em Portugal.
Vós sois para nós o “sinal da presença e caridade do Santo Padre” a quem desejamos expressar o preito do nosso amor à Igreja, em profunda comunhão e fidelidade ao Sucessor de Pedro. Muito obrigado, Excelência Reverendíssima, por ter aceite estar connosco nesta data tão significativa para toda a Diocese do Funchal, em júbilo e acção de graças pela sua criação, no dia 12 de Junho de 1514, pelo Papa Leão X.
Saúdo, com igual júbilo, as Excelentíssimas Autoridades presentes, senhores Bispos, Sacerdotes, membros dos Institutos de Vida Consagrada e todo o bom povo da nossa querida Diocese, em especial os membros desta grande Assembleia, vindos de perto ou de longe, numa verdadeira expressão de consciência e comunhão eclesial. Saúdo, também, quantos nos acompanham através da rádio e da internet.
A Diocese exulta e rejubila
Esta bela e artística Catedral do séc. XVI, mandada construir por D. Manuel I, transforma-se, neste dia de Pentecostes, num novo e amplo Cenáculo. Com a presença materna de Maria, aqui invocada como Senhora do Monte, nossa Padroeira, a Igreja do Funchal exulta e rejubila com a descida do Espírito Santo, dom do Pai, que ilumina, fortalece, purifica e renova a Igreja, na unidade e no compromisso generoso na missão.
Rezam as crónicas que, na aventura dos descobrimentos, as caravelas portuguesas sulcavam mares desconhecidos, sempre assinaladas com a Cruz de Cristo, significando a fé e a preocupação missionária, que esteve presente e patente, desde o início, em relação a todas as terras encontradas. E quanto à descoberta da Ilha da Madeira, em 1418, foram os filhos de S. Francisco, que à chegada celebraram a primeira Missa, em Machico, e ali iniciaram a evangelização das suas gentes...
Hoje aqui nos reunimos para celebrar o memorial das maravilhas do Senhor realizadas nesta Igreja particular, desde então e ao longo dos últimos cinco séculos. Foram muitas as graças recebidas e partilhadas com o ardor e espírito missionário dos filhos e filhas desta terra, que levaram a diversas partes do mundo a mensagem da Salvação em Cristo, que a todos chama das trevas para a Sua Luz admirável (cf. 1 Ped 2,9).
Tradição espiritual cristã
Foi a Fé que impulsionou e sustentou o processo histórico de desenvolvimento de toda a Região: com a fé se foi tecendo a identidade do nosso povo, que bebe na tradição espiritual cristã grande parte dos seus valores e nela encontra um sentido de esperança, um horizonte aberto à vida e ao mundo.
Assim, na criação da Diocese do Funchal, pesaram não apenas factores de ordem religiosa local, procurando dar maiores possibilidades à evangelização da Ilha, como também a preocupação e o desejo de fazer destas terras uma espécie de plataforma missionária para a Evangelização dos Povos – um desígnio que veio a efectuar-se, rapidamente, e constitui uma das páginas mais extraordinárias da nossa história funchalense e insular.
Fé e cidadania
Nestes 500 anos quantas histórias maravilhosas de santidade nos iluminam; quantas obras inflamadas de misericórdia e do génio da caridade – no impulso do Evangelho fundaram-se hospitais, tratou-se a peste, socorreu-se a fome, atendeu-se aos órfãos e aos idosos; quanto serviço silencioso e apaixonado no campo da educação – criaram-se escolas e dinâmicas pedagógicas, numa aposta clara na pessoa humana.
Nestes 500 anos quanto engenho e criatividade no campo da cultura, espelhados na beleza das nossas igrejas, no magnífico Museu Diocesano de Arte Sacra, e também em projectos editoriais, em produção de arte e pensamento, que tanto enobrece a nossa cidade e Diocese do Funchal! O Cristianismo, podemos dizer, tem sido entre nós constante sementeira de cidadania e cultura.
Lembrando João Paulo II
A 12 de Maio de 1991 a cidade do Funchal teve a alegria de receber o Papa João Paulo II – um feliz acontecimento, que hoje queremos avivar na memória, fazendo uma breve evocação desse grande Papa, há pouco beatificado, junto à sua estátua, no adro desta Catedral. Lá fora encontra-se, também, em exposição, o Papamóvel então utilizado, a recordar os caminhos percorridos, algumas imagens dos momentos inesquecíveis daquele belo dia e a mensagem profunda que deixou ao povo madeirense.
Aos nossos Padroeiros
Reafirmando a grande alegria pela presença do Senhor Núncio Apostólico, D. Rino Passigato, que torna mais sensíveis os laços da comunhão eclesial universal, auguramos que as comemorações dos 500 anos da Diocese possam contribuir para avivar a memória dos nossos valores e tradições e criar novos projectos, novas formas de compromisso da Igreja com as pessoas e a sociedade do nosso tempo. Recordando o passado no presente, saibamos responder aos novos desafios com que nos deparamos no campo da fé e da cultura, da acção educativa e social.
Á Senhora do Monte e a S. Tiago Menor, nossos Padroeiros, nos dirigimos, nesta hora, com muito amor e gratidão, confiando-lhes os nossos projectos e celebrações jubilares, e implorando para toda a Diocese e para os nossos emigrantes as suas maiores bênçãos e protecção.
Funchal, 12 de Junho de 2011
† António Carrilho, Bispo do Funchal

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